O GPT-4 da OpenAI tornou-se o ícone de uma nova era, caracterizada por conversas mais amplas com máquinas. A IA generativa não é algo novo, mas uma nova geração de soluções a tornou amplamente acessível para indivíduos (e agora corporações, com o recente lançamento do ChatGPT Enterprise). Como resultado, a IA está de volta em todos os tipos de fóruns de discussão, forçando-nos a repensar os negócios e nossa sociedade.
Afinal, “a IA é apenas um reflexo de nós mesmos”, conforme o próprio ChatGPT. O ritmo da mudança só vai acelerar à medida que a competição (aqui, notavelmente, o Google) aumenta e novos benefícios e riscos são revelados.
Na América Latina, espera-se que a IA impulsione o PIB da região em 5% até 2025, e a maioria das economias na região publicou estratégias públicas para promover a inovação relacionada. Pesquisas indicam que 50% das empresas brasileiras dependem da IA para, pelo menos, uma aplicação de negócios. E outros 34% das organizações locais estão explorando novos casos de uso baseados na capacidade da IA para interação real com o usuário (“IA 2.0”).
No entanto, a implementação bem-sucedida da IA depende do trabalho árduo e deve se concentrar em pelo menos dois pilares: governança de dados (interna) e produtos digitais (externos).
A essa altura, o debate global sobre os limites da IA deixa claro que pelo menos algum tipo de controle é necessário. Consequentemente, a governança de dados é um pré-requisito para projetos éticos e responsáveis de IA. Modelos que respeitam a privacidade, reduzem o viés, estabelecem o que é certo/errado são obrigatórios para evitar consequências desastrosas.
Aqui, no Brasil, estudos apontam que apenas 20% das organizações são totalmente compatíveis com o programa nacional de proteção de dados (LGPD), o que indica um caminho urgente e longo pela frente no que diz respeito à gestão de dados.
Para transformar a IA em negócios reais, as empresas precisam monetizar seus novos produtos alimentados por IA. Para isso, elas podem ir além das simples APIs e se concentrar em verdadeiros produtos digitais (que podem consumir múltiplas APIs). Isso facilitará para desenvolvedores e empresas encontrarem, integrarem e usarem novas soluções de que precisam. As instituições financeiras brasileiras que já expõem APIs (Open Banking) agora podem exibir conjuntos mais completos de produtos digitais (consultores de investimentos, avaliação de riscos, empréstimos inteligentes).
As organizações brasileiras estão lutando para ir além do hype (a Gartner agora coloca a IA no “Pico das Expectativas Infladas”) e acelerar os negócios. Embora não haja uma bala de prata, é sábio aprimorar as práticas existentes de governança de dados.
Do ponto de vista de receita, é hora de expandir as jornadas de API para produtos digitais como parte de marketplaces estruturados. Em sua maior parte, tais atividades exigem uma combinação de capacidades humanas (abstração) e máquinas (correlação).
O advento da IA geral testará tudo isso a longo prazo, mas não há dúvida de que as principais organizações do futuro estão abraçando a IA agora.
Autor:
Colaborador: Fernando S.C. Ferreira
Diretor de Parceiros e Alianças Axway LATAM – e palestrante do Axway Summit 2024
