Desde a introdução do PSD2 na Europa, o Open Banking consolidou-se como uma estrutura regulatória essencial. Bancos e fintechs passaram a se conectar via APIs padronizadas para iniciar pagamentos e acessar dados de contas, com regras rígidas de autenticação e segurança.
Esse modelo hoje tem versões praticamente em todas as regiões do mundo. No entanto, uma grande pergunta permanece.
Como fazer com que esses fluxos regulados interajam com os novos usos digitais — especialmente com a Inteligência Artificial generativa e assistentes conversacionais?
É aqui que o Model Context Protocol (MCP) abre novas possibilidades.
MCP: a linguagem comum entre APIs bancárias e IA
As APIs de Open Banking foram criadas para desenvolvedores humanos: definem esquemas de dados, endpoints, e fluxos de autorização. O MCP, por outro lado, foi projetado para permitir que modelos de IA (LLMs) interajam diretamente com sistemas, padronizando como recursos e capacidades são expostos para os modelos.
Em outras palavras, camadas MCP sobre PSD2 criam uma abstração universal, permitindo que a IA descubra, compreenda e manipule serviços bancários de forma segura e contextualizada, sem precisar se adaptar a cada variação regional ou técnica de API.
Benefícios concretos
Interoperabilidade acelerada
Uma IA integrada a um aplicativo pode consultar diferentes bancos europeus sem se preocupar com variações do PSD2. O MCP traduz a linguagem técnica das APIs em instruções compreensíveis para os modelos.
Segurança reforçada
O MCP não substitui regulamentações, mas baseia-se nelas (OAuth2, SCA, entre outras). O diferencial: governança aprimorada sobre os contextos enviados aos modelos. Apenas dados relevantes são compartilhados, com controle explícito.
Experiência do usuário muito mais fluida
O usuário final não precisa lidar com tokens, consentimentos nem fluxos técnicos. Ele conversa com um assistente — que, via MCP, executa tudo em segundo plano e dentro das regras regulatórias.
Inovação por contextualização
MCP permite que a IA combine diferentes contextos — como dados bancários, calendário, objetivos financeiros e recomendações de poupança. Saímos do acesso “técnico” e entramos em casos de uso inteligentes e personalizados.
Alavanca estratégica
Para os bancos representa a oportunidade de oferecer interfaces conversacionais inteligentes usando serviços já existentes. No caso das fintechs, significa acelerar a integração — em vez de lidar com variações técnicas de APIs, elas se conectam a um único protocolo já entendido pelos modelos.
Já para os usuários/clientes, cria-se uma relação bancária mais simples, inteligente e proativa.
De APIs para agentes inteligentes
PSD2 e Open Banking criaram as bases: um ecossistema seguro e interoperável. Mas ainda falamos uma linguagem técnica, voltada para máquinas e desenvolvedores.
O MCP fornece a camada que faltava: um protocolo contextual que conecta APIs reguladas a casos de uso conversacionais e de IA. Transforma uma obrigação regulatória numa alavanca real de inovação.
MCP + Amplify + Fusion: a vantagem da Axway
Não basta apenas expor MCP. É preciso orquestrar fluxos complexos entre diferentes sistemas de forma fluida. A plataforma Axway Amplify, da Axway, é um ótimo exemplo pois oferece gestão federada de APIs, integração entre sistemas e uma camada unificada de orquestração inteligente.
Com Amplify Fusion é possível criar interfaces MCP facilmente, orquestrando tudo de forma composable, low-code/no-code, e integrando com qualquer backend.
Além disso, qualquer servidor MCP criado pode ser publicado automaticamente no Amplify Engage Marketplace. Interfaces MCP de terceiros podem ser adicionadas em poucos cliques, criando um catálogo centralizado de ativos de IA e ativos digitais legados.
Olhando adiante
Ainda existem desafios envolvendo segurança e IA agentiva (como já destacamos em outro artigo), mas empresas como a Axway seguem de perto essa evolução para apoiar a transformação digital das empresas.
Autor: Emmanuel Methivier
Axway Catalyst, Diretor do Programa de Negócios