Uma coisa que chama a atenção no mercado de transferência e intercâmbio de arquivos é a falta de recursos robustos de gestão e governança — especialmente considerando que uma das letras no termo MFT (“M” de Managed, gerenciado em inglês) faz referência direta a isso.
Ao longo dos anos, a indústria de managed file transfer focou muito mais no aspecto da transferência do que no gerenciamento. Muitos fornecedores trataram isso como sinônimo de centralização e controle, oferecendo apenas um console administrativo como principal recurso de gestão. Na maioria das vezes, deixando para terceiros a tarefa de cobrir lacunas.
Mas será que essa é a estratégia certa?
As soluções de transferência de arquivos desempenham funções críticas para muitas empresas — mantendo prateleiras de varejo abastecidas, garantindo que voos decolem no horário, ou permitindo acesso rápido a serviços de saúde.
Uma estimativa levantada pela Axway e seus clientes do setor automotivo, por exemplo, mostram que suas soluções ajudam a produzir mais de 6,5 milhões de veículos por ano. Não é à toa que muitos se descrevem como operacionalmente dependentes da saúde de seus sistemas de MFT.
Então, como equilibrar a necessidade de alta confiabilidade operacional com a falta de recursos para garanti-la? Aqui vão alguns pontos importantes.
Visibilidade da saúde do sistema MFT e de suas dependências
A saúde de uma solução de MFT existe em dois níveis:
- O próprio aplicativo de MFT.
- A saúde de suas dependências.
Alguns fornecedores oferecem recursos limitados de monitoramento do aplicativo MFT — geralmente dentro do console administrativo. É comum haver funções para reiniciar serviços ou limpar filas. O problema? São controles reativos. Pouco (ou nada) de alerta preventivo ou ações proativas para manter o SLA.
Dependências podem ser o sistema operacional, banco de dados, storage, autenticação centralizada, entre outros. O desempenho do MFT está diretamente ligado à performance desses elementos. Exemplo: se uma operação MFT depende da execução de uma query SQL, a velocidade dessa query influencia diretamente o tempo de conclusão da transferência.
Infelizmente, a maioria dos MFTs deixa essa visibilidade sob responsabilidade do cliente, criando uma lacuna. Agora imagine gerenciar centenas de agentes MFT espalhados pela rede com acesso apenas a consoles locais — ou pior, sem visibilidade nenhuma.
Riscos:
- Congestionamentos ou falhas em dependências compartilhadas prejudicam o desempenho sem que o problema seja detectado rapidamente.
- Falta de percepção sobre limites de capacidade impede otimizações de throughput e performance.
- Operação reativa constante, desperdiçando tempo e recursos da equipe.
Observabilidade dos resultados de transferência
Nesse aspecto, a maioria das soluções é mais consistente. Quase todas permitem rastrear arquivos e verificar resultados. A diferença está na qualidade e abrangência do relatório — especialmente a capacidade de fazer rastreio de ponta a ponta (end-to-end).
Sem esse recurso, riscos incluem:
- Ter que juntar dados de múltiplos sistemas e consoles para descobrir onde algo falhou.
- Retransmissão desnecessária de arquivos já entregues, gerando atrasos e problemas adicionais.
- Incapacidade de apresentar KPIs básicos (tempo, velocidade de transferência), dificultando auditorias e compliance.
Gerenciando problemas quando eles surgem
Falhas acontecem — seja por atraso em arquivos, seja por má configuração após um upgrade. A resposta ideal? Automação corretiva.
Soluções como file transfer monitoring, configuration integrity monitoring e SOAR já existem há anos, mas o avanço da IA agente (agentic AI) trouxe nova relevância ao tema.
Sem automação corretiva, riscos incluem:
- Alto custo de operação por depender de intervenção manual constante.
- Resposta lenta a problemas, impactando produtividade.
- Relação prejudicada com parceiros devido a falhas recorrentes na transação de dados.
Colocando o “managed” de volta no MFT
Para muitos, a confiabilidade do MFT é tão crítica que o sucesso do negócio depende diretamente dele. Mas confiar cegamente sem visibilidade e automação é arriscado.
O MFT evoluiu em automação e conectividade, mas agora precisamos que o “gerenciado” evolua também — trazendo mais observabilidade, proatividade e inteligência para evitar falhas e impulsionar resultados.
Autor
Chris Payne
Gerente Principal de Marketing de Produtos e Soluções da Axway MFT